É já
na próxima 3ª feira que se comemoram os 30 anos da nossa Escola Vieira da
Silva. Por isso, nada melhor do que conhecermos um pouco mais da vida da
patrona daquela que é a segunda maior escola do nosso agrupamento. Parabéns “Vieira”!
VIEIRA DA SILVA
Pintora: 1908 – 1992
Maria
Helena Vieira da Silva foi uma das mais importantes pintoras europeias da
segunda metade do século XX; nasceu em Lisboa no dia 13 de junho de 1908 e
morreu em Paris a 6 de março de 1992.
Ficou órfã de pai (1911), o embaixador
Marcos Vieira da Silva aos três anos e foi educada pela mãe em casa do avô
materno, José Joaquim da Silva Graça, fundador e diretor do jornal O Século.
Desde
criança teve sempre a consciência de pertencer a uma coletividade muito maior,
talvez porque o seu avô, diretor de um jornal, recebia imensos documentos,
livros fotografias, fazendo-a sentir-se no meio da sua época
Despertou
cedo para a pintura.
Aos onze anos ingressou na Academia de Belas-Artes, em Lisboa, onde
estudou desenho
e pintura. Estudou
igualmente na Faculdade de Medicina de Lisboa anatomia
motivada pelo interesse que tinha pela escultura. Em
1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de
Lisboa.
Em 1928 vai viver para Paris, acompanhada
pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso a Paris começa a frequentar as
aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona
definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier
e Friez e participa numa exposição no Salon de Paris. Conhece o pintor húngaro
de origem judaica Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a
Hungria e a Transilvânia. Realizou inúmeras viagens à América
Latina para participar de exposições, como em 1946 no Instituto de Arquitetos do Brasil.
Devido ao facto de o seu marido ser judeu e de ela ter
perdido a nacionalidade portuguesa, eram
oficialmente apátridas. Provavelmente, devido a este factor, o casal
decidiu residir por um longo tempo no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial e no período
pós-guerra.
No Brasil, entraram em contato com
importantes artistas locais, como Carlos
Scliar e Djanira. Ambos exerceram grande influência
na arte brasileira, especialmente entre os modernistas.
Em 1933, Vieira da Silva vê inaugurada a sua
Primeira Exposição individual, em Paris. Também foi autora de uma série de ilustrações
para crianças que constituem uma surpresa no conjunto da sua obra. Kô et Kô,
les deux esquimaux, é o título de uma história para crianças inventada por ela
em 1933. Não se
sentindo capaz de a escrever, a pintora entregou essa tarefa ao seu amigo
Pierre Guéguen e assumiu o papel de ilustradora, executando uma série de guaches.
Em 1935, António Pedro organiza a primeira
exposição da pintora em Portugal, facto que a faz estar em Portugal por um
breve período, até outubro de 1936. Depois voltará para Paris, onde participará
ativamente na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas
parisienses devido ao desenvolvimento da extrema-direita na Europa.
Vieira regressou a Portugal em 1939, devido
à guerra, já que e o seu marido, judeu húngaro, se sente certamente incomodado
com a proximidade dos nazis. Vieira da Silva fica em Portugal pouco tempo, pois
o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo
casado pela igreja. Mesmo assim, não deixa de participar num concurso de
montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe
encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.
Em 1940 o Estado português recusa-lhe a
nacionalidade. Então, o casal de pintores decide ir para o Brasil, uma vez que
as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão deixam
algumas suspeitas. Vieira da Silva e Arpad conhecem o exílio no Brasil entre
1940-1947. Aqui são recebidos como apátridas, recebendo passaportes
diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das
Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo.
O casal participa em várias exposições
entre 1942//46, residindo no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e
ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus
compromissos académicos.
Kô et Kô, les deux esquimaux, é o título de
uma história para crianças inventada por Vieira da Silva em 1933. Não se
sentindo capaz de a escrever, a pintora entrega essa tarefa ao seu amigo Pierre
Guéguen e assume o papel de ilustradora executando uma série de guaches.
A
galerista Jeanne Bucher edita o livro com uma tiragem de 300 exemplares (texto
litografado de Pierre Guéguen e 14 páginas de ilustrações realizadas a pochoir
pela casa Beaufumé), e a propósito do lançamento do livro, organiza a
primeira exposição individual de Vieira da Silva em Paris apresentando os
guaches originais de Kô et Kô e uma série de estudos preparatórios. Algumas
destas obras serão também exibidas em Lisboa em 1935, na Galeria da
Universidade do Porto, por António Pedro.
Tanto Arpad Szenes (em 1925) como
Vieira da Silva (em 1928) optaram por sair dos seus países de origem para viver
em Paris, motivados pelas necessidades de uma pintura cada vez mais exigente e
pelo estímulo cultural e intelectual da cidade.
O casal manteve sempre um contato regular com
artistas e intelectuais portugueses, nas frequentes visitas a Portugal ou em
Paris, onde eram regularmente procurados.
É a época em que Vieira da Silva começa a
ser reconhecida. O estado francês compra-lhe La Partie d'échecs, um dos seus
quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e
vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças
de teatro.
Em 1956, foi-lhe dada a naturalidade
francesa. Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo
de 1962, e no ano seguinte o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris,
Mais tarde a artista irá viver para Paris,
no número 34 da rua de l'Abbé Carton, no XIV bairro da cidade. A partir de 1948
o Estado Francês começa a adquirir as suas pinturas e em 1956 tanto ela como o
marido obtêm a nacionalidade francesa.
Em 1960 o Governo Francês atribui-lhe uma
primeira condecoração, em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix
National des Arts e em 1979 torna-se cavaleira da Legião de Honra francesa. Participou na
Europália, em 1992,
e veio a morrer nesse ano em Paris.
Para honrar a memória do casal de pintores,
foi fundada em Portugal
em 1990 a Fundação Arpad Szenes-Vieira da
Silva, sediada em Lisboa e a Escola Vieira Da Silva, em Carnaxide no 26 de
novembro de 1993.
Fontes:
José
Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, Bertrand, Lisboa, 1974
Wikipédia:
pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Helena_Vieira_da_Silva
Fundação
Arpad Szenes-Vieira da Silva, Au fil du temps; percurso fotobiográfico de Maria
Helena Vieira da Silva, Fundação Arpad Szenes- Vieira da Silva
Links
úteis:
http://www.catalogodasartes.com.br/Lista_Obras_Biografia_Artista.asp?idArtista=376&txtArtista=Maria%20Helena%20Vieira%20da%20Silva
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